“Este menino é tão inteligente... Pelas coisas que fala, com certeza é um Espírito velho!”. É comum ouvirmos frases como essa. Como agir quando percebemos que nossos filhos possuem enorme bagagem espiritual? Podemos deixar que façam o que quiserem (afinal, parecem ser mais velhos que nós) ou precisamos limitar suas ações e com afeto discipliná-los? É preciso, antes de mais nada, analisar a existência de uma agenda espiritual, traçada em relação a nossos filhos: assinamos um contrato, antes de reencarnar, nos comprometendo a encaminhar firmemente os Espíritos que vão apresentar-se como nossos filhos, nesta jornada terrena. Da mesma forma, fomos escolhidos (ou aceitos) por eles, para sermos seus guardadores, encaminhando-os de acordo com as Leis de Deus.
É importante ficarmos atentos exatamente a essa questão: temos o compromisso espiritual de encaminhá-los, orientando e guiando os Espíritos que abraçamos na missão de pais nesta existência. Então, por maiores que sejam as evidências da genialidade e da idade espiritual de nossas crianças, não podemos perder de vista que seus Espíritos, neste momento de sua existência terrena, encontram-se em tenra idade, portanto, dependentes de nossa condução. A missão que trazem será cumprida na idade física que lhes dê as necessárias condições de direcionar os próprios passos. Até que esse momento chegue precisam de nossa atuação firme, com a disciplina imprescindível, a fim de que cheguem à maturidade em condição de realizar o que comprometeram-se em suas agendas espirituais.
Um exemplo que não podemos deixar de citar é o de João Batista. Um Anjo de Deus apareceu a seu pai, Zacarias, em ocasião de contrita oração, anunciando-lhe a gravidez de Isabel, revelando que ele e sua esposa receberiam em seu lar um espírito de grande porte espiritual. No entanto, longe de deixá-lo à mercê de seus atos, seus abnegados genitores o seguiam de perto, indicando-lhe os caminhos a percorrer em cada faixa etária que atravessava. O desabrochar de sua missão aconteceu, naturalmente, e ele tinha sido tão bem orientado no berço familiar que não teve dificuldades em viver santamente, batizando no Rio Jordão, conduzindo todo aquele que tivesse no coração o desejo de sentir Jesus. A grande missão de Zacarias e Isabel foi, portanto, cumprida.
Ora, João era um Espírito evoluidíssimo e por isso seus pais tiveram uma atenção especial dos Anjos de Deus; mas, não apenas em caso de missões tão grandes essa proteção acontece: é sempre necessária a aprovação de Deus para o compromisso que se assume em todas as relações de filhos e pais. E se somos aprovados por Ele é porque temos condições para o melhor encaminhamento possível do Espírito que recebemos no lar, independente da dimensão da tarefa da Alma reencarnante a ser cumprida.
Assim, a medida de limites colocada pelos pais norteará a criança em seu desenvolvimento, fortalecendo sua estrutura emocional, protegendo-a das pressões de modismos e atitudes de risco, que costumam surgir na fase da adolescência e juventude. Estando seu Espírito fortalecido, encontrará resistência interior para dizer não a tudo aquilo que fira o Bem e os bons costumes recebidos no lar.
Da mesma forma, grande e grave é a responsabilidade dos pais que negligenciam a atenção a seus filhos; que fazem comparativos e diferença de tratamento, pela afinidade com um e choques contínuos com o outro; ou pela liberdade excessiva, sem o firme encaminhamento necessário nas etapas da criança/jovem em formação. Ao contrário dessas tristes posturas, devemos fazer por eles, nossos filhos, o que Jesus, o Cristo Ecumênico, faz por todos nós: nos ensina com Verdade e Amor Divinos.
O Irmão Paiva Netto alerta, em seu artigo A grande Família Humanidade, que “(...) Embora a realidade contemporânea ofereça-nos panorama de violência doméstica; de número cada vez maior de jovens envolvendo-se com drogas; da própria descoberta da sexualidade, pelas crianças, pulando etapas importantes na sua formação psicológica; na contramão desses tristes fatos, pesquisas também relatam que até mesmo ‘os mais modernos’, na hora em que a porca torce o rabo, vão procurar apoio na casa da mamãe ou da vovó... (...)”.
Literalmente, é preciso pegar na mão dos filhos, conduzindo-os de perto, criando vínculos afetivos e fortalecendo nossas ligações espirituais, de forma que quaisquer assuntos possam ser discutidos com naturalidade e, mais que isso, de maneira que eles sintam-se à vontade para conversar e expor suas alegrias e angústias. Nenhuma agenda espiritual foi estabelecida ao acaso...
Apresento como sugestão de leitura aos pais (educadores aprovados por Deus para guiar Seus filhos na Terra) o livro É Urgente Reeducar, do escritor Paiva Netto. Ele apresenta os conceitos da Pedagogia do Afeto e da Pedagogia do Cidadão Ecumênico, que compõem a linha educacional da Legião da Boa Vontade e nos aponta uma visão além do intelecto. Para enfrentarmos os desafios da atualidade, conduzindo de forma acertada os que estão sob nossa responsabilidade, precisamos, em primeiro lugar, estar fortalecidos espiritualmente. Só podemos conduzir com acerto quando estamos firmemente amparados por Deus. E a proteção Celestial nos ilumina com o poder da intuição, poderosa ferramenta de conexão com o Mundo Espiritual Superior. Ninguém está desamparado. Afirmou Paulo Apóstolo, inspirado por Jesus, na sua Segunda Epístola aos Coríntios, 6:16: — “Vós sois o Templo do Deus vivo”.
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* A pedagoga Suelí Periotto é supervisora da Pedagogia do Afeto e da Pedagogia do Cidadão Ecumênico, diretora do Conjunto Educacional Boa Vontade em São Paulo/SP e doutoranda em Educação pela PUC/SP.