É possível morrer duas vezes? No Apocalipse Redentor de Jesus encontramos diversas citações à “segunda morte”, como por exemplo na Carta do Cristo à Igreja em Esmirna (2:11):
"Quem tem ouvidos de ouvir ouça o que o Espírito diz às Igrejas do Senhor. O vencedor, de nenhum modo, sofrerá o dano da segunda morte".
Esse termo certamente gera muitas dúvidas. Afinal, Paulo Apóstolo não disse que “é ordenado aos homens que morram uma só vez, e depois disso vem o juízo” (Epístola aos Hebreus, 9:27)? Então, o que é a “segunda morte” no Livro das Revelações Finais? Existe uma morte depois da morte do corpo? Pode o Espírito morrer?
E as perguntas se multiplicam... Para respondê-las, é necessário acalmar a agitação natural da mente diante de um tema tão profundo como esse, promovendo um ambiente propício à atenção e ao aprendizado.
Vamos, então, no silêncio da Alma, aprender com Jesus, o Divino Professor.
Segunda morte e a realidade espiritual
“Será essa questão da morte realmente uma questão de morte?... Na verdade, para falar com correção, a morte é um assunto essencial de vida (ou da vida).”
Essa provocação no livro Os mortos não morrem, do escritor Paiva Netto, presidente-pregador da Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo, dá o tom da nossa conversa. Então, para entender sobre a “segunda morte”, devemos nos aprofundar um pouco mais sobre o tópico da Vida.
Apresentando Jesus, em Seu Santo Evangelho, registrou João Evangelista (1:1 e 4): “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. (...) A vida estava Nele e a vida era a Luz do mundo”.
Ao referir-se à Vida, existente antes da fundação do mundo, o Evangelista-Profeta não se refere somente a essa que garante o pulsar do coração, o funcionamento do cérebro, a respiração dos pulmões, enfim, o que anima o corpo físico.
Mas a Vida, que lemos na Boa Nova do Cristo, é a da qual todos surgimos em Deus, que é Espírito (João, 4:24) e também Amor (Primeira Epístola de João, 4:8) e nos gerou, em Espírito e Amor, à Sua imagem e semelhança (Gênesis, 1:26).
É com essa natureza perene que Deus "nos fez nascer no Universo e nos sustenta na Terra", como evoca o presidente-pregador desta Casa Bendita, o irmão Paiva Netto, quando nos convida a elevar o pensamento ao Pai Celestial.
O Espírito que dá Vida ao ser
Porém, na Terra, muitas vezes, nos esquecemos de que somos Espírito, e daí atribuímos o ser apenas ao corpo que o abriga, a Alma ao cérebro que cria o pensamento; e até o sentimento ao coração que bombeia o sangue (em algumas culturas, atribui-se ao fígado).
Imaginamos nossa Existência Eterna, o Espírito, limitada às sensações passageiras do corpo perecível. Às vezes até nos referimos a ele como algo nosso em vez de nós mesmos, como se ele fosse a projeção da personalidade, e não o contrário.
Nós somos Espírito. Porém, o corpo é, sim, um veículo importantíssimo de manifestação do ser, de seus pensamentos e sentimentos.
Por ser tão importante, precisamos cuidar bem dele, como neste alerta da Música Legionária “O Grande Segredo da Vida”:
“Eis que o grande segredo da vida é, amando a vida, saber preparar-se para a morte ou Vida Eterna, na hora certa, determinada por Deus. Porque o suicídio golpeia a alma de quem o pratica, ‘não resolve as angústias de ninguém’. Entremos, pois, apenas no correto tempo, no tempo certo, na Vida Eterna”.
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Como viver a partir do Espírito?
Em Jesus, o Cristo Ecumênico, o Divino Estadista, encontraremos as respostas, pois Ele veio a este planeta e ensinou:
“Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim” (Evangelho, segundo João, 14:6).
Ele é quem nos oferece as condições para expressarmos as capacidades ilimitadas do Espírito Eterno, mesmo sob as incertezas da vida terrestre. Basta que sigamos Suas palavras e exemplos:
“Em verdade, em verdade vos asseguro: quem ouve a minha Palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida. (...) Aquele que crê em mim, fará as obras que eu faço, e as fará maiores que estas, porque eu vou para junto do Pai” (Evangelho, segundo João, 5:24 e 14:12).
E o Divino Professor demonstrou a todos essa verdade, quando ressuscitou após a crucificação e mostrou-Se vivo aos Seus apóstolos e discípulos (Boa Nova, segundo João, capítulo 20).
Ele pôde também transmitir a força de Seu exemplo num recado de conforto e estímulo a todos os que enfrentam grandes dores em prol do Bem num mundo ainda tão adverso:
Carta de Jesus à Igreja em Esmirna (Apocalipse, 2:8 a 11):
“Ao anjo da Igreja de Esmirna, escreve: Estas coisas diz o Primeiro e o Último, que esteve morto e tornou a viver.
Conheço a tua tribulação e a tua pobreza (mas tu és rico) e que és caluniados por aqueles que se dizem apóstolos e não o são; sendo, antes, congregação de satanás.
Não temas as coisas que tens de sofrer. Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes postos à prova, e tereis tribulação de dez dias. Sê fiel até a morte e te darei a coroa da vida.
Quem tem ouvidos de ouvir, ouça o que o Espírito diz às igrejas: O vencedor não sofrerá dano algum da segunda morte”.
(O grifo é nosso.)
Aquele “que esteve morto e tornou a viver”, Jesus, que com essa autoridade espiritual garante a coroa da Vida aos cristãos de Esmirna para que não se deixem abater pelo medo e estejam cheios da coragem expressa nesses versos de Alziro Zarur (1914-1979), saudoso proclamador da Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo:
Marcharemos no Sul e no Norte
Ninguém pode esta marcha deter
Pois, se nós não tememos a morte,
A quem é que nós vamos temer?
E assim responderão: "Ninguém! Jamais!".
Neste ponto, não há incentivo a nos colocarmos em situações de risco, devemos preservar a vida sempre! E sermos fiéis ao Bem para vencermos a tribulação com o Mestre, de modo a não sofrer o dano da segunda morte, que é a frustração e o remorso por não ter perseverado.
O que simboliza a segunda morte e como evitá-la
O termo segunda morte poderia sugerir um fenômeno posterior à morte do corpo físico. Mas não é necessariamente isso, mesmo porque, pela reencarnação, o falecimento do corpo pode ocorrer a cada vez que o Espírito renasce na Terra para sua perfeita educação, e morre, ao fim de cada jornada. E isso ocorre inúmeras vezes.
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E também não vamos admitir o falecimento da Alma, porque o Espírito é imortal, assim como Deus, o Amor Solidário Divino, que o criou.
Mas o que dizia Goethe (1749-1832)? “Os que não acreditam em outra vida, estão mortos mesmo nesta”, afirmava o famoso vate e escritor alemão.
Portanto, a Religião Divina ensina que a segunda morte é uma morte moral. É falência ética, particular, social, política, científica, religiosa, artística, etc.
É quando a criatura se mantém afastada da verdade sobre si mesma e seus atos permanecem igualmente distantes da sua verdadeira origem, que é Espiritual. Os resultados são, portanto, frustrantes.
No livro Sagradas Diretrizes Espirituais da Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo, volume 1, o presidente-pregador desta Casa Bendita, escreve no capítulo “Irmãos Políticos, não legisleis somente para corpos”:
“O grande erro de parte dos políticos do mundo é não acreditar, como deveriam, nesta grande verdade: a morte é um boato. Então, legislam somente para corpos perecíveis. O máximo que admitem no abstracionismo é o intelecto. Dirigem seus povos como se tudo acabasse no fedor dos túmulos; como se a grandeza de suas existências estivesse restrita a sexo, estômago e intelecto jugulado ao que tomam como realidade única do mundo. Ocorre que há sempre mais, e mais, e mais, a desafiar a inteligência a planos além do Universo acessível aos limitados sentidos humanos. Sem essa visão abrangente, jamais poderão compreender que o Espírito está acima da matéria, que governar não é restritamente atender aos apelos do imediatismo das coisas passageiras. Governa bem aquele que — não esquecendo os corpos — aquece os corações e ilumina as Almas, animando-os à sobrevivência com as armas do Amor, da Verdade, da Moral e da Justiça".
Em outras palavras, a pessoa acredita que é apenas um corpo, que morre, que adoece, que se sente solitário, que tem mil carências mal compreendidas e, portanto, mal resolvidas.
Dessa forma, ela pode ser levada a uma insegurança que passa a reger seu comportamento, resultando em escolhas embasadas no egoísmo, na garantia individual, e na geração de violência contra seus irmãos.
Nesse estado, o indivíduo tende a atingir-se pelo medo ou pela culpa que invadem a mente, que agora pensa estar abandonada pelo Pai Celestial, que sendo Amor Solidário e Ecumênico, na verdade, nunca nos abandonou.
Ele sempre esteve e está de mãos estendidas para nos amparar e acolher, como num abraço aconchegante em família.
A Religião do Amor Universal nos ensina a compreender Jesus, que é UM com o Pai (Evangelho, segundo João, 10:30), como o Cristo Ecumênico, o Divino Estadista, portanto, jamais o promotor de exclusivismos e pretensões descabidas, diante de Deus - o Amor que abrange os universos.
A recompensa dos que não serão lançados “no lago que arde com fogo e enxofre”
O Divino Mestre almeja para a humanidade a destinação exposta também em Seu Apocalipse Redentor: Novo Céu e Nova Terra e a Nova Jerusalém (capítulos 21 e 22).
Passagens que contêm a descrição simbólica da ambiência Espiritual que Deus quer ver frutificar nas Suas criaturas da Terra e do Mundo Espiritual Elevado, uma vez que ao unirem esforços e talentos pela melhoria da qualidade de vida dos povos.
Portanto, neste contexto:
“Deus enxugará dos olhos toda a lágrima, não haverá mais morte, não haverá mais luto, nem gritos, nem prantos, nem dor, porque as primeiras coisas passaram” (Apocalipse, 21:4).
Mas o comportamento derivado da infidelidade à nossa natureza divina, se não for corrigido, faz com que a Alma rebelde adie para si mesma a destinação feliz e inevitável que o Criador reservou para Seus filhos, “desde a fundação do mundo” (Boa Nova, segundo Mateus, 25:34).
Por isso, o versículo oitavo, do capítulo 21, do Apocalipse alerta: “Quanto, porém, aos tímidos, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos adúlteros, aos feiticeiros, aos que dão veneno, aos idólatras e a todos os mentirosos do mundo, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre” — que é a segunda morte.
Na obra literária Somos Todos Profetas, da coleção o Apocalipse de Jesus para os Simples de Coração, resultado da famosa série de análises do Livro das Profecias Finais, levada ao ar desde a década de 1990 pelo rádio, o escritor e radialista Paiva Netto afirma que o lago de fogo representa “o remorso, porque este, sim, é uma morte dorida para a consciência culpada”.
Então, não é Deus quem pune. É a consciência do próprio indivíduo que cria em torno de si o cenário de culpa - como num inferno particular - no qual a criatura se castiga, seja na Terra ou nas regiões do astral inferior, até que se desperte e se renove, como veremos a seguir.
O Cristo nos dá a chave para vencermos a segunda morte
Assim sendo, no Livro da Revelação, Jesus alerta misericordiosamente quanto ao dano da segunda morte, para que a humanidade escolha se livrar dessa situação erigida por ela própria. Pela justa Lei do Apocalipse (22:12), “a cada um será dado de acordo com as próprias obras”.
A convocação do Cristo é para a Paz e o Amor verdadeiros e para a Vida e a Felicidade Eternas. Tanto que, no último Livro da Bíblia Sagrada, também há sete Bem-Aventuranças.
Em um desses convites à Felicidade encontramos a vacina contra a segunda morte (20:6):
“Bem-Aventurados e santos são aqueles que têm parte na primeira ressurreição. Sobre esses a segunda morte não tem autoridade; pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo Jesus, e reinarão com Ele os mil anos”.
A primeira ressurreição é o despertar espiritual da criatura, a partir da assimilação e vivência do Novo Mandamento de Jesus:
“Amai-vos como Eu vos amei. Somente assim podereis ser reconhecidos como meus discípulos, se tiverdes o mesmo Amor uns pelos outros (Boa Nova, segundo João, 13:34 e 35).
O ser humano assim se renova, ressuscita definitivamente de seus erros e falhas, banindo da mente a limitadora crença na morte, que não exerce nenhuma autoridade sobre o ser que conhece sua verdadeira Origem e sua real destinação: a Cidadania Espiritual com Jesus, em plena condição de construir, por suas Boas Obras, o paraíso na Terra, a partir das melhores virtudes de sua Alma Imortal.
Por sinal, o saudoso Irmão Alziro Zarur chamou o Novo Mandamento do Cristo de “Chave da Vida e Chave da Morte”. O que o Irmão Paiva explica no livro Paiva Netto e a Proclamação do Novo Mandamento de Jesus – a saga heroica de Alziro Zarur (1914-1979) na Terra, primeira publicação da Academia Jesus, o Cristo Ecumênico, o Divino Estadista, edição revista e ampliada, no subtítulo “O Amor de Deus — o diferencial”:
“1) Chave da Vida para quem ama sem interesses escusos, realizando-se, embora o mundo inteiro esteja contra essa pessoa;
2) Já aqueles que ainda não aprenderam a amar, como Jesus nos amou e tem amado, decretam a falência da própria Alma, tornando-se prisioneiros da Chave da Morte, até que o Amor do Pai Celestial ou a Mestra Dor os desperte para a autêntica origem que é o colo de Deus, o Amor Infinito”.
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